
Aqui tens meu coração.
E a chave pró abrir.
Nun tenho mais que te dar,
Nem tu mais que me pedir.
(versos dos lenços de namorados - Minho-Portugal)

Aquela triste e leda madrugada,
Cheia toda de mágoa e de piedade,
Enquanto houver no mundo saudade
Quero que seja sempre celebrado.
Ela só, quando amena e marchetada
Saía, dando ao mundo claridade,
Viu a postar-se de uma outra vontade,
Que nunca poderá ver-se apartada.
Ela só viu as lágrimas em fio,
Que de uns e de outros olhos derivadas.
Se acrescentaram em grande e largo rio.
Ela viu as palavras magoadas
Que puderam tornar o fogo frio,
E dar descanso às almas condenadas.
Camões
(Columbano)
Dos olhos corre a água do Mondego os cabelos parecem os choupais Inês! Inês! Rainha sem sossego dum rei que por amor não pode mais.
Amor imenso que também é cego amor que torna os homens imortais. Inês! Inês! Distância a que não chego morta tão cedo por viver demais.
Os teus gestos são verdesos teus braços são gaivotaspoisadas no regaço dum mar azul turquesa intemporal.
As andorinhas seguem os teus passose tu morrendo com os olhos baços Inês! Inês! Inês de Portugal.
José Carlos Ary dos Santos