Qualquer poema esquecido
precisa de uma réstia de sol
onde pousar a tristeza
Mas no país dos poemas tristes
a inércia dormente
deixou que roubassem o sol
E agora
os rios solidificam nos leitos
os animais são pedras
e as searas secam
Agora
no país dos poemas tristes
da sombra negra do céu
desprendem-se versos mortos
que os poetas recolhem
paulatinamente
para colocar entre as páginas brancas
de um livro por escrever
Talvez despertem um dia
ao som de Chopin
Fantasie-Impromptu, quem sabe?
Quando o sol for devolvido ao céu
e à poesia renascerem as asas
Lídia Borges