23.12.07



Nunca mais


A tua face será pura limpa e viva

Nem o teu andar como onda fugitivaSe poderá nos passos do tempo tecer.

E nunca mais darei ao tempo a minha vida.

Nunca mais servirei senhor que possa morrer.

A luz da tarde mostra-me os destroços

Do teu ser.

Em breve a podridão

Beberá os teus olhos e os teus ossosT

omando a tua mão na sua mão.

Nunca mais amarei quem não possa viverSempre,

Porque eu amei como se fossem eternos

A glória, a luz e o brilho do teu ser.

Amei-te em verdade e transparência

E nem sequer me resta a tua ausência.

És um rosto de nojo e negação

E eu fecho os olhos para não te ver.

Nunca mais servirei senhor que possa morrer.

(Sophia de Mello Breyner)

Quero só trazer à memória o que me dá esperança...

Hino da Restauração da Independência



A PORTUGUESA