30.11.09

Patrão Joaquim Lopes


Ganhou que os traz ao peito
hábitos e medalhas
nunca matando irmãos

mas a rasgar mortalhas!
Tomás Ribeiro

Nasceu em Olhão em 1798 e faleceu em Paço de Arcos em 1890, com 92 anos. Pouco depois de ter aprendido a ler e escrever, começou a trabalhar no mar, com cerca de dez anos, exactamente no mesmo ano (1808) em que decorreu a revolta de Olhão contra os franceses e o caíque Bom Sucesso foi ao Brasil avisar o príncipe regente da restauração da província (Ver Viagem do caíque Bom Sucesso).

Aos 19 anos emigrou como pescador para Gibraltar mas, sem sucesso, pelo que aos 21 anos foi viver para a Vila de Paço d'Arcos, onde trabalhou como remador da falua do Bugio. Aqui tornou-se Patrão de Salva-Vidas, tendo-se destacado por imensa bravura ao salvar centenas de vidas na Barra do Tejo.

Foi condecorado com a Ordem da Torre e Espada pelo Rei D. Luís, a patente de 2º Tenente da Armada pela Marinha, e uma condecoração do governo britânico pelo salvamento da tripulação de duas escunas inglesas.

Teve funeral nacional organizado pela Marinha.

No cemitério de Oeiras pode-se visitar o seu mausoléu, e em Paço d'Arcos existe um monumento de homenagem na rotunda da Avenida Marquês de Pombal.(na Wapedia)

No monumento constam os versos citados.

26.11.09

Sophia


"Quem procura uma relação justa com a pedra, com a árvore, com o rio, é
necessariamente levado, pelo espírito de verdade que o anima, a procurar uma
relação justa com o homem.
Aquele que vê o espantoso esplendor do mundo é
logicamente levado a ver o espantoso sofrimento do mundo.
Aquele que vê o fenómeno quer ver todo o fenómeno.
É apenas uma questão de atenção, de sequência e de rigor.
E é por isso que a poesia é uma moral. [...]
Se em frente do esplendor do mundo nos alegramos com paixão, também em frente do sofrimento do mundo nos revoltamos com paixão.
[...]
O facto de sermos feitos de louvor e protesto
testemunha a unidade da nossa consciência."

Sophia de Mello Breyner Andresen, in "Arte Poética II

Lágrima de preta


Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.
Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.
Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.
Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.
Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:
nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio

António Gedeão



Quero só trazer à memória o que me dá esperança...

Hino da Restauração da Independência



A PORTUGUESA